terça-feira, 12 de novembro de 2013

A ALEIJADA


Corri até o ponto de ônibus. Consegui um lugr n fila, quem sabe até conseguiria sentar. Suspirei de alivio, queria muito voltar logo pra casa depois daquela entrevista bizarra, perguntas nem foram feitas. Mas era a oportunidade da minha vida. Chequei os quatro reais, duas notas de dois, não tinha trocado, vai os quatro mesmo. Entreguei os quatro reais e peguei o troco. Recebi uma ligação. Era minha mãe, queria saber como foi a entrevista. Contei que não me perguntaram nada, nem  a respeito do meu filho. A mulher falou e falou igual uma malucona e ainda disse que achava que num ia me contratar porque entrevistou um piá bem engraçadinho e que já tinha experiência em colégio, falei que nunca tive e por isso estava me candidatando a uma vaga de estagio, essa é a intenção de estagiar afinal. Ela deve ter entendido com rispidez, mas não me lembro de ter saído de casa as cinco e meia da manha pra ficar ouvindo elogios de outro candidato. Enfim, se passaram uns 15 minutos de conversa e a cobradora do ônibus me chamou, aos gritos. Fui até lá e perguntei o que seria.

                - você é bem espertinha me deu um bolinho de dois que só tinha uma nota, eu achei que fossem 4 reais e te devolvi o troco. Pode me dar o troco de volta e pagar o resto da passagem! Ta achando que eu sou otária?!

                - eu tenho certeza que dei quatro reais, conferi antes de entrar no ônibus.

                - não deu não, quer me enganar agora? Sinceramente, acha que eu tenho cara de quem fica roubando dinheiro de passageiro, quem você pensa que é?

“sinceramente, acho que rouba sim, e te acho uma vadia arrogante, não entendi ate agora o porque de estar gritando loucamente comigo, sua filha de uma velha puta” era  o que eu deveria ter dito. Sobre tanta pressão eu entreguei o troco, mais as moedas que tinha na minha carteira. Mais a minha moral. Mais a minha honra. Mais o meu restinho de humor. Só não entreguei pra ela meu corpo. Me sentei e chorei enquanto ela terminava de me xingar de ladra pra baixo. Ao chegar no terminal uma mulher de cabelos extremamente longos perguntou se eu queria dinheiro pra voltar pra casa e se aceitava que ela pagasse um lanche pra mim.

                - você acha mesmo que eu não tenho dinheiro. Tenho tanto dinheiro que dei ate dinheiro a mais praquela vaca e você só ta piorando a situação, porque não vai se tratar?!

                Tentei denunciar a cobradora. Esta que varias vezes foi super grossa com varias outras pessoas sem motivo algum. Era deficiente, faltava-lhe um braço e qualquer traço de caráter.

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